Refletindo a Nossa Autopercepção

Já parou para pensar por que precisamos de um espelho ou outro intermediário para sermos capazes de ver o nosso próprio reflexo? Olhar para dentro nem sempre é uma tarefa fácil, afinal nem tudo o que podemos encontrar é exatamente o que esperamos. Praticar o autoconhecimento exige uma grande coragem para aceitar tudo o que vier na busca, tanto as luzes quanto as sombras.

Uma ótima forma de trazer o autoconhecimento para o nosso dia a dia é exercitar a nossa autopercepção, ou seja, a nossa capacidade de enxergar a nós própri@s. Por exemplo, como você está hoje? Quais os sentimentos presentes e, se quiser ir ainda mais fundo, da onde eles vêm? A autopercepção nos permite entender onde brilhamos e onde nos fechamos ou, até mesmo, nos sabotamos. Entender, em meio às nuvens de pensamentos e julgamentos, como realmente nos sentimos e conseguir traduzir isso em palavras, assumindo a autorresponsabilidade pela forma como nos sentimos é uma grande força a ser cultivada. No entanto, essa habilidade também nos ajuda muito no que diz respeito ao trabalho. Quando praticamos a autopercepção, também profissionalmente, estamos apt@s a compreender as nossas forças, fraquezas e bloqueios com muito mais clareza e, assim, utilizá-las ao nosso favor para se desenvolver cada vez mais.

Como, então, praticar mais a sua autopercepção?

Lembra quando disse, no início, da importância do espelho para conseguirmos nos enxergar? Pois bem, existe uma ferramenta incrível e muitos simples chamada Janela de Johari que pode servir como um verdadeiro espelho na nossa jornada de autoconhecimento.

O que é a Janela de Johari?

Criada por Joseph Luft e Harry Ingham em 1955, essa ferramenta psicológica pode ser utilizada para ampliar a nossa autopercepção, mas também apoiar em outras questões do nosso desenvolvimento, como a nossa comunicação ou relacionamento interpessoal. A Janela de Johari é uma matriz que contrasta a nossa autopercepção e a percepção que as pessoas que sobre nós.

Ao comparar o que você conhece ou não sobre si e o que os outros conhecem ou não sobre si, é possível ter clareza sobre as seguintes áreas da nossa percepção:

Área Aberta: É aquilo que somos ou temos de habilidades e conseguimos transparecer para os outros. Como tanto você quanto os outros reconhecem essas características, é sinal de que elas são algo transparente em você.

Área Oculta: Já a Área Oculta representa as habilidades ou características que você tem, mas, por algum motivo, não são visíveis para os outros, ficando, assim, “escondidas” dentro de você.

Área Cega: A Área Cega, por sua vez, é tudo aquilo que os outros percebem em você que você não é capaz de enxergar em si. São aqueles pontos que não temos consciência na nossa autopercepção.

Área Potencial: Por fim, a Área Potencial é o vir a ser. Tudo o que está tangente e pode emergir em nós a qualquer momento. Por isso, a chamamos de potencial, é algo que podemos manifestar, mas, por alguma razão, ainda não está presente em nós, por isso nem você nem os outros podem percebê-lo.

Por que expandir a nossa área aberta?

A ideia por detrás da Janela de Johari é expandir ao máximo a nossa área aberta. Por quê? Ter uma área aberta grande significa que conseguimos praticar a transparência e ser nós mesmos, tendo consciência do que isso significa no nosso dia a dia. Quanto maior a nossa área aberta, mais equilibrada a relação entre a nossa autopercepção e a visão daqueles que estão à nossa volta.

Como saber o que é verdade entre a área oculta e a área cega?

Algo intrigante na Janela de Johari é interpretar e entender como lidar com os pontos que aparecem na área oculta e na área cega. Vamos pensar em um exemplo: empatia. Se a empatia aparecer na sua área oculta, talvez você seja empático, mas tenha dificuldade de demonstrar isso para os outros, daí dificultando o reconhecimento da empatia pelo outros. No entanto, também é possível que você acredite que é uma pessoa empática, mas na prática isso não seja tão real. Você pode ter uma visão sobre si que não se traduz em realidade. Talvez você queira muito ser uma pessoa empática ou tenha sido muito assim no passado, porém hoje não aplica mais isso na sua rotina e, portanto, já não é uma habilidade que faz parte do seu comportamento diário, tornando difícil que as pessoas reconheçam a empatia em você. O mesmo é válido para os pontos da área cega: talvez tenha aparecido algo, como desorganização, que não é real, porém os outros enxergam dessa forma, assim como também é possível que você seja uma pessoa desorganizada, mas nunca tenha reparado nisso.

Portanto, ao examinar os pontos da sua área oculta e cega, experimente fazer as seguintes perguntas:

– Quais são exemplos concretos que demonstram que eu realmente tenho essa habilidade/característica?

– Será que eu estou imaginando ou desejando algo que ainda não é real?

– Ou será que tenho dificuldade de me expressar e, por isso, a percepção dos outros acaba sendo diferente da minha?

Como expandir a sua área aberta?

O primeiro passo para expandir a sua consciência e a dos outros sobre as suas habilidades e jeito de ser é aplicar a Janela de Johari na sua vida! Como fazer isso? Muito simples! Primeiro, é importante que você faça uma autorreflexão se perguntando:

– No que eu mando bem?

– O que eu preciso melhorar?

– O que me bloqueia?

Nesse momento, é fundamental ter muita sinceridade e não ter vergonha ou medo de olhar realmente para dentro. Depois dessa pausa para refletir, convide pessoas próximas a você, por exemplo, as pessoas da sua equipe, tanto gestor quanto pares, para refletir junto com você. Faça as mesmas perguntas para essas pessoas e, então, basta cruzar as diferentes respostas.

Tudo o que você e os outros tiverem escrito, serão pontos da sua área aberta! Aqui vale um lembrete para não se deixar levar por pontos que você concorda, embora não tenha colocado, afinal, feedback já é uma forma de expandir a sua área aberta! Por isso, tente se centrar, ao máximo, apenas naquilo que foi dito nas reflexões. O que apenas você disse e os outros não mencionaram, fica na sua área oculta. O contrário acontece no caso da área cega, onde entra apenas o que os outros disseram e você não disse (mesmo que concorde com o que foi trazido). E, por último, aquilo que ninguém disse, bom isso faz parte da sua área potencial. Estranho, né? Como saber o que ninguém sabe ainda?

É preciso que você e as pessoas com as quais trabalha mergulhem em uma descoberta conjunta. Um exemplo desse tipo de descoberta seria um novo projeto que nunca aconteceu antes na empresa e, talvez, durante a execução, você e os seus pares, percebam uma nova habilidade, como a criatividade, que você nunca teve espaço para exercer antes e, por isso, ficava escondida de tod@s ali na área potencial. Essa descoberta também pode acontecer por partes: primeiro você faz uma autodescoberta sobre uma nova habilidade que nunca imaginou ter e, depois, exercitando isso, os outros passam a observar e aquela criatividade que antes estava na sua área oculta, passa a fazer parte da sua área aberta.

Uma outra forma de levar pontos da sua área oculta para a sua área aberta é se abrir, ser vulnerável, tendo a coragem de se expor como você realmente é. Mais fácil dizer, do que fazer, mas ainda assim existem muitas formas de se entregar para esse desafio, desde começar a testar isso em um grupo de amigos mais próximos com os quais já temos mais confiança até assistir o Ted Talk da Brené Brown e rever a sua visão sobre o poder que a vulnerabilidade pode ter nas nossas vidas!

ASSISTIR TED TALK

E o que apareceu na sua área cega? Para levar isso para a sua área aberta, uma das formas que já comentei aqui é buscar feedback. Simplesmente conversar com as pessoas para entender como elas percebem você e o que faz de bom e o que pode melhorar, já pode ser uma fonte de muitos insights. Às vezes temos a impressão de que sabemos exatamente como os outros nos veem, mas a verdade é que só saberemos quando perguntarmos. Que tal arriscar?

Lógico que nem tudo na nossa vida precisa estar na área aberta para todo mundo o tempo todo, é importante sabermos onde estão os nossos limites. Quanto mais praticarmos a nossa autopercepção, mais claros serão os limites que nos permitem ser exatamente quem somos, sem sentir nenhum tipo de invasão. É fundamental saber respeitar o que ainda não conseguimos expressar como gostaríamos, o que ainda não somos e o que talvez nem queiramos ser.

Esse exercício da autopercepção vai muito além do uso da Janela de Johari, mas ela é uma ótima referência para aprofundarmos a nossa consciência e lembrarmos a importância de equilibrar a imagem que projetamos sobre nós e aquela que os “espelhos” à nossa volta refletem.

Stephanie Crispino
CMO at TRIBO. Human Development Coordinator at Grupo Anga. Passionate about self-awareness and purposeful transformations.
https://medium.com/@svcrispino

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